As Igrejas católicas da África, América Latina, Caribe e Ásia se uniram para lançar uma mensagem contundente antes da COP30 que será realizada no Brasil. Sua mensagem é clara: já basta de falsas promessas, precisamos de justiça climática real.
O documento nasce de uma realidade dolorosa: enquanto o planeta se aquece num ritmo alarmante (1,55°C em 2024), são precisamente os países e comunidades que menos contribuíram para o problema quem mais sofrem suas consequências. Meio bilhão de pessoas já vivem em zonas desertificadas, e a crise se acelera a cada dia.
O que mais incomoda essas Igrejas é a hipocrisia do sistema atual. Veem como se fala de “economia verde” e “transição energética”, mas na realidade se trata das mesmas lógicas de sempre: converter a natureza em mercadoria, permitir que os grandes poluidores continuem poluindo enquanto compram “créditos verdes”, e seguir explorando territórios do Sul Global agora em nome da “sustentabilidade”.
Sua proposta é radical mas esperançosa. Inspirados na “Laudato Si'” do Papa Francisco, chamam a uma “conversão ecológica” profunda que vá além de mudanças técnicas. Falam da “sobriedade feliz” – viver bem mas sem o consumismo desenfreado – e do “bem viver” dos povos indígenas, que entendem a harmonia com a natureza.
Suas exigências são concretas: que os países ricos reconheçam e paguem sua dívida ecológica histórica, que se deixe de financeirizar a natureza, que se proteja realmente as comunidades vulneráveis, e que se abandonem definitivamente os combustíveis fósseis.
Mas não ficam só na denúncia. Anunciam a criação de um Observatório Eclesial que vigiará o cumprimento dos acordos climáticos e propõem uma grande aliança entre o Sul Global para enfrentar juntos esta crise.
É, em essência, um chamado para mudar todo o sistema – não só a energia, mas toda a forma de entender o desenvolvimento, a economia e nossa relação com a Terra. Uma mensagem de resistência, mas também de esperança.